Os efeitos no Brasil da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) já começaram a refletir na indústria automotiva: entre as montadoras, há notícia de queda nas vendas, demissões, férias coletivas e ainda muita indefinição.
No mês de fevereiro, os primeiros impactos começavam a aparecer, na queda no volume de exportações de caminhões e no fornecimento de peças para montadoras brasileiras. Em março, as quedas ficaram mais visíveis. Com 190 mil unidades, a produção total das montadoras no mês de março foi a mais baixa em 16 anos, pouco maior que a de março de 2004, quando bateu em 185,5 mil, e inferior até a de março de 2016, pior momento da crise. Com relação às vendas de caminhões, foram 6,4 mil unidades, queda de 15,3% em relação ao mesmo mês do ano passado e 0,4% quando comparado com fevereiro de 2020. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea).
Diante desse cenário, boa parte das montadoras aproveitou o início da quarentena, em meados de março, para dar férias coletivas aos funcionários e realizar ajustes na produção. Foi o caso da Mercedes-Benz e General Motors. Já a Caoa Cherry desligou ao menos 50 trabalhadores.
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos), negociações para flexibilizar jornada têm sido feitas diretamente pelas empresas – são 67 fábricas em 10 estados do país, empregando cerca de 125 mil pessoas. Segundo ela, os estoques disponíveis cobrem até cerca de 60 dias de vendas, então as fábricas conseguiriam manter suas entregas ainda, mesmo que as produções estejam paradas por mais um tempo, mas a estagnação nas vendas pode causar demissões também entre os 315 mil funcionários das mais de 6,3 mil revendas pelo país.
A boa notícia é que, junto com a prorrogação da quarentena, novas ideias vêm surgindo. A Mercedes-Benz do Brasil, por exemplo, fez uma parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia para participar do desenvolvimento de máscaras e respiradores usando como matéria-prima peças da indústria automotiva.
(Abril/2020)
